Thursday, March 13, 2014

Ode as mulheres (Texto publicado no semanario Sol do Indico)


Mulheres: dedico a vocês estas palavras

 

As mulheres da minha vida – Silvia, Vicky, Minducha, Ines, Victoria e Lucinda (Docinha)!

 

Diferentes regiões, culturas, organizacoes e religiões dao valores direfenciados as mulheres! Umas veneram-nas, outras objectam-nas, vilipundiam-nas e outras ainda as relegam a categorias sub-humanas! A religião Crista, pelo menos naquela vertente a que mais estou familiarizado, a Catolica Apostolica, dedica o mês de Maio, a Maria, a mae de Jesus! Outras religiões dedicam outros meses e outras datas a mulher!

 

Nos, ca na nossa indica paragem, dedicamos o mês de Abril, uma vez que foi a 7 de Abril que Josina Machel, perdeu a vida, vitima de doença! Mas noutras latitudes são outros meses esao outras mulheres!

 

As Nacoes Unidas, poe exemplo, dedicam o mês de Marco as mulheres, em reconhecimento a luta das mulheres pela igualdade de direitos! De facto foi em Nova York que centenas de mulheres trabalhando numa fabrica têxtil exigiram seus direitos e foram “montepuezadas”, ou seja forcam colocadas no interior da fabrica de onde nenhuma saiu com vida!

 

 

Durante o mês de Marco visitei varias zonas periferidas do município de Quelimane e não so! Tambem escalei a Maganja da Costa, Nante, Mocuba, Gurue, Milange, Namacurra e Nicoadala! E nessas paragens vi e confirmei que de facto a cara da pobreza, a cara da descriminação e a cara do trabalho árduo e da mulher! Isto quase quarenta anos depois da nossa independencia!

 

Consultei os arquivos e verifiquei que a cara da mortalidade continua a ser a mulher! De facto os números que o nosso querido instituto de estatísticas nos da deixam-nos literalmente petrificados! A mulher continua a morrer as catadupas, quer nos periodos pre, nos e pos parto, quer em períodos posteriores! Os números na Zambezia e em Quelimane são ainda mais aterradores! Para não falar da mortalidade infantil onde atingimos cifras das mais baixas no mundo com entre 100 a 250 mortos em cada mil crianças, antes dos 5 anos!

 

 

Mas também durante Marco, tive o raro privilegio de visitar a Franca a convite das autoridades Francesas. Escalei Paris, a capital mundial da cultura e da moda, Lille e Rouan  (circulo eleitoral do Ministro dos Negocios estrangeiros francês, um dos homens mais reputados no actual governo francês) e constatei para meu gaudio, que ali, naquele pais, a mulher e o simbolo da Republica, e a cara da beleza, da riqueza, da saúde!

 

E uma pergunta não deixou de me invadir! Porque, porque, porque? Porque e que apesar da pobreza que nos assola, continuamos a gastar o pouco dinheiro que não temos em armamentos letais? Porque e que apesar da pobreza que nos aflige, o primeiro dinheiro que tivemos da extracção dos recursos minerais vai para actividades bélicas, vai para matar o nosso irmão cuja mae aturou nove meses ate que visse a luz do dia? Porque e que não investimos esses biliões de dólares na construção de maternidades? Na compra de carteiras e cadeiras para nossos filhos? Na compra de cadeiras de rodas para mães deficientes?

 

Dizia o antigo estadista americano que ‘por cada espingarda que e comprada, por cada barco de guerra, que e comprado, por cada bala que e disparada e menos pao para quem tem fome’!

 

Sonho com o dia em que as mulheres de Quelimane possam ser como as de Paris, de Llille ou de Rouen (tirando os casos do Hollande e Sarkozi e claro)! Sonho com o dia em que cada tostão que arrecadamos seja na sua totalidade investido para que as mulheres tenham um presente e um futuro digno! Um futuro onde terão igualdades iguais perante os homens, um futuro onde poderão concorrer para as municipais, as provinciais, e por que não para as nacionais e poderem ter a certeza que vencerao e não serão humilhadas nas urnas, como a corajosa mana Lulu!

 

Neste mês de Marco, quero dedicar este artigo as mulheres deste planeta, deste país e do meu lindo Município. Revejo nas mulheres um valor sagrado, sublime e a fonte primária da nossa existência. Por isso, o valor da mulher não tem uma dimensão ou grandeza que a possa mensurar. O amor das mulheres não tem um peso desconfortante, não tem volume e muito menos uma pressão asfixiante. O amor da mulher mãe, esposa, companheira, colega e colaboradora não se expressa por uma grandeza monetária, física, matemática e nem química. O amor da mulher é genuíno, é completo, é confortante, é aconchegante. É muito mais, que não tenho palavras para completar.

 

São tantos os exemplos de mulheres lutadoras, que de forma individual e colectiva trabalham na busca de fórmulas resolventes para edificação de uma sociedade baseada nos princípios da equidade e da justiça social. Existem várias mulheres alistadas nos movimentos sociais e de solidariedade, feministas e humanitários lutando contra as barreiras injustas impostas pelos sistemas políticos e económicos. Vemos no dia-a-dia, em diferentes cantos do mundo, nos diferentes movimentos políticos e sociais, as mulheres lutando para reduzir as desigualdades, a exclusão e as injustiças impostas por uma sociedade ainda ortodoxa. Em todo o mundo, assistimos, mulheres envolvidas na busca da paz mundial e da autodeterminação dos povos, lutando contra a violência, exigindo de forma permanente aos Estados a retirada das tropas posicionadas para torturar e destruir de forma rancorosa e impiedosa a vida humana e a riqueza nacional. Entretanto, em muitos cantos do mundo existe um descompasso entre os esforços empreendidos pelas mulheres e o reconhecimento que elas recebem no seio familiar, social e estadual.

 

Os dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são simplesmente vergonhosos quando nos revelam que, a nível internacional, mais de 1/3 das mulheres são vítimas da violência física ou sexual e os esforços para fazer parar esta brutalidade são limitados. A OMS mostra que as mulheres sofrem impiedosamente agressões e abusos os companheiros e como consequência, vivem problemas de saúde que incluem fracturais, contusões, complicações na gravidez, depressão e outros males inaceitáveis. Os desequilíbrios estatísticos apresentados também são preocupantes e devem ser corrigidos. Existem actualmente apenas 07 mulheres ocupando funções de chefe de Estado contra 143 homens. Existem também 11 mulheres na chefia de governos de um total de 192 homens. Para quem lê estes números entende que vivemos um mundo ainda conservador, patriarcal no qual estão ausentes os princípios de um estado moderno orientados pelos valores da igualdade e liberdade entre homens e mulheres.


Porque celebramos recentemente o dia internacional da mulher, dedico esta mensagem à todas as mulher que embora contribuindo para a produção da renda nacional, não vê o seu esforço reflectido nos indicadores macroeconómicos dos seus estados. Dedico a mensagem àquela mulher que ao sair do espaço doméstico depara-se com uma sociedade patriarcal, fortemente estruturada e que dificulta a sua plena inclusão na vida política nacional. Esta mensagem é dedicada à mulher Quelimanense, a mulher Zambeziana, a mulher Mocambicana que ao raiar do sol madrugador não se poupa ao sacrifício de abandonar o repouso e avançar para os campos de Musselo, Impurrune, Mádjegua, Gogone, Chuabo-Dembe na busca de proteínas e calorias para manter existencialmente a sua família. Dedico este artigo àquela mulher que com um pano estampado de um galo vespertino coloca as costas cada um de nós, homens e mulheres, crianças, jovens e adultos, e nos mostra o caminho da luz, da esperança e de um futuro risonho. Dedico o artigo a mulher camponesa, enfermeira que cura, acalma e salva vidas humanas, a mulher professora, que educa, forma e constrói os operários e trabalhadores que põem as máquinas das indústrias a funcionarem. Dedico o meu trabalho a mulher varredora da Emusa, a mulher continua, a mulher vereadora, a mulher directora, a mulher membro da Assembleia municipal, a mulher secretaria, a mulher assessora, a mulher administradora, à mulher delegada, a mulher deputada, a mulher governadora, a mulher herói (Celina Simango e Josina Machel), a mulher ministra e a mulher candidata a seja o que for! E porque não dedico este artigo a próxima mulher presidente do município, da assembleia municipal, Presidente da Republica! Como disse a mama Pachinuapa, ‘Este pais esta em condições de ter uma Presidente mulher” sim!.

 

Valorizemos todos, a mulher produtora e provedora dos nutrientes familiares recheados de calorias e proteínas e que garantem a nossa existência. Reconhecendo a importância de edificarmos uma sociedade justa e equilibrada, dedico o artigo as mulheres de todo o planeta. É dentro das famílias, das comunidades e das instituições do Estado, das instituições nacionais e internacionais onde deveremos criar condições favoráveis para melhoria do ambiente e do tratamento que as nossas mães, irmãs, esposas, companheiras e colegas merecem de cada um de nós comprometidos com os princípios da equidade de género.